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Muitas pessoas ficam surpresas ao descobrir que mesmo com painéis solares instalados em casa, quem tem energia solar paga conta de luz. Essa dúvida é compreensível, afinal, se você está gerando sua própria energia, por que ainda há cobrança da distribuidora?

A resposta está na forma como o sistema de energia solar funciona no Brasil. Diferentemente do que muitos imaginam, ter painéis solares não significa independência total da rede elétrica. Na verdade, você continua conectado ao sistema público de distribuição, o que gera alguns custos obrigatórios.

Neste artigo do Portal Finança, vamos esclarecer por que quem tem energia solar ainda paga conta de luz, quanto custa essa tarifa mínima e se o investimento realmente vale a pena. Continue lendo para descobrir todos os detalhes sobre como funciona a conta de energia solar!

Como funciona o sistema on-grid de energia solar

Para entender por que ainda existe cobrança na conta de luz, precisamos conhecer o funcionamento do sistema on-grid — o modelo mais comum de energia solar residencial no Brasil.

No sistema on-grid, sua casa permanece conectada à rede elétrica pública. Os painéis solares captam a luz do sol e a transformam em energia elétrica através de células fotovoltaicas. 

Essa energia passa por um inversor solar, que converte a corrente contínua em corrente alternada — o tipo usado em residências.

Aqui vem o ponto crucial: a energia gerada pelos painéis não vai diretamente para o consumo da sua casa. Em vez disso, ela é injetada na rede elétrica pública e convertida em créditos energéticos.

Durante o dia, quando os painéis produzem energia, você injeta eletricidade na rede. À noite ou em dias nublados, quando a produção é menor, você consome energia da rede pública. Esse sistema funciona como uma “conta corrente” de energia.

Os componentes básicos do sistema

Um sistema on-grid básico inclui:

  • Painéis fotovoltaicos: captam a radiação solar
  • Inversor solar: converte a energia para uso doméstico
  • Medidor bidirecional: registra a energia injetada e consumida
  • Cabos e estruturas de fixação: conectam e sustentam o sistema

Entenda porque a energia solar paga conta de luz

A conta de energia de quem possui sistema solar apresenta algumas diferenças importantes em relação à conta tradicional. Vamos analisar cada uma delas:

Mudança na classificação do consumidor

Sua conta passará a indicar a subclasse “Residencial Geração Distribuída”, sinalizando que você possui um sistema de geração própria conectado à rede.

Taxa mínima obrigatória

Mesmo gerando mais energia do que consome, você deve pagar a taxa mínima de disponibilidade. Esse valor garante seu direito de estar conectado à rede elétrica e ter energia disponível a qualquer momento.

A taxa varia conforme o tipo de ligação:

  • Monofásica: equivale a 30 kWh
  • Bifásica: equivale a 50 kWh
  • Trifásica: equivale a 100 kWh

Além disso, há a cobrança da taxa de iluminação pública, que varia conforme o município.

Registro da produção solar

A conta mostra claramente:

  • Quantidade de energia injetada na rede
  • Quantidade de energia consumida
  • Saldo de créditos acumulados
  • Energia compensada no mês

Sistema de créditos energéticos

Quando você gera mais energia do que consome, o excesso vira créditos que podem ser usados por até 60 meses. 

Se em determinado mês você consumir mais do que produziu, os créditos acumulados compensam a diferença.

Calculando o valor da conta mínima

Para calcular quanto você pagará mensalmente, mesmo com geração excedente, use a fórmula:

Taxa Mínima = (Valor do kWh × Custo de disponibilidade) + Taxa de iluminação pública

Exemplo prático:

  • Ligação bifásica (50 kWh)
  • Tarifa de R$ 0,65 por kWh
  • Taxa de iluminação: R$ 15,00

Cálculo: (R$ 0,65 × 50) + R$ 15,00 = R$ 47,50

Esse seria o valor mínimo mensal, mesmo que você gere toda a energia que consome.

Mudanças na compensação energética

A Lei 14.300/2022 trouxe alterações importantes para quem instala energia solar. Para sistemas conectados após janeiro de 2023, parte dos encargos setoriais passou a ser cobrada, reduzindo ligeiramente o valor compensado por cada kWh injetado.

Essa mudança não elimina a vantagem econômica da energia solar, mas torna importante fazer um estudo detalhado antes da instalação para calcular corretamente o retorno do investimento.

Quem ainda tem direito à compensação integral

Consumidores que instalaram sistemas até dezembro de 2022 mantêm o direito à compensação integral (1:1) por 25 anos. Para esses usuários, cada kWh injetado compensa integralmente um kWh consumido.

Vale a pena ter energia solar mesmo pagando conta?

Definitivamente sim. Mesmo com a cobrança da taxa mínima, a economia gerada pela energia solar é significativa. 

Na prática, você pode reduzir sua conta em até 90%, pagando apenas os custos mínimos de conexão.

Benefícios que justificam o investimento

  • Economia real na conta de luz: mesmo pagando a taxa mínima, a redução nos gastos com energia é substancial.
  • Valorização do imóvel: propriedades com energia solar tendem a se valorizar no mercado imobiliário.
  • Sustentabilidade: você contribui para um planeta mais limpo usando energia renovável.
  • Proteção contra aumentos: com energia própria, você fica menos vulnerável aos reajustes tarifários.
  • Retorno do investimento: o payback do sistema solar ocorre entre 4 a 7 anos, dependendo da região e consumo.

Cenário de economia real

Imagine uma residência que consome 400 kWh mensais, pagando cerca de R$ 260 por mês. Com energia solar dimensionada adequadamente:

  • Antes: R$ 260 mensais (R$ 3.120 anuais)
  • Depois: R$ 47,50 mensais de taxa mínima (R$ 570 anuais)
  • Economia anual: R$ 2.550

Em 10 anos, a economia seria de R$ 25.500, valor que geralmente supera o investimento inicial do sistema.

Como escolher o sistema ideal

Para maximizar os benefícios e minimizar os custos com a conta mínima, é fundamental dimensionar corretamente seu sistema solar.

Fatores importantes na escolha

  • Análise do consumo histórico: estude suas contas dos últimos 12 meses para entender o padrão de uso.
  • Avaliação do telhado: verifique a orientação, inclinação e sombreamentos que podem afetar a geração.
  • Qualidade dos equipamentos: invista em painéis e inversores de marcas reconhecidas com boa garantia.
  • Empresa instaladora: escolha uma empresa certificada com experiência comprovada no mercado.

Alternativas para reduzir ainda mais os custos

Sistema off-grid com baterias

Para quem busca independência total da rede elétrica, existe o sistema off-grid. Nele, a energia é armazenada em baterias e você se desconecta completamente da distribuidora, eliminando qualquer cobrança.

Porém, esse sistema tem custo inicial muito maior devido às baterias e requer dimensionamento mais cuidadoso para evitar falta de energia.

Geração compartilhada

Outra opção é participar de consórcios ou cooperativas de geração compartilhada, onde você pode usar créditos gerados em outras localidades.

Maximize seus benefícios com a energia solar!

Ter energia solar e ainda pagar conta de luz pode parecer contraditório, mas faz parte do modelo regulatório brasileiro. O importante é entender que essa cobrança mínima não compromete a viabilidade econômica do investimento.

A taxa de disponibilidade garante que você tenha energia elétrica disponível 24 horas por dia, mesmo quando seus painéis não estão gerando. É um pequeno preço a pagar pelos benefícios econômicos e ambientais da energia solar.

Com o dimensionamento correto do sistema e a escolha de equipamentos de qualidade, você terá décadas de economia na conta de luz, protegendo-se dos constantes aumentos tarifários e contribuindo para um futuro mais sustentável!